De acordo com o relatório World Gender Gap 2022, do Fórum Econômico Mundial, levará mais 132 anos para preencher a lacuna global de gênero. À medida que as crises se agravam, os resultados da força de trabalho das mulheres sofrem e o retrocesso na paridade global de gênero se intensifica ainda mais.
Não apenas em números, a desigualdade entre os gêneros é uma realidade atual e histórica que resulta nas mais diversas formas de violência, opressão e desvantagens contra as mulheres.
Com o objetivo de diminuir essa disparidade, a busca pela equidade de gênero se torna cada vez mais urgente em nossa sociedade.
Mas você sabe o que isso quer dizer e qual é a relação desse tema com o ambiente de trabalho? É isso que tentaremos explicar nesse artigo, então, vamos lá!
O que é equidade?
O primeiro passo para compreender esse tema é entender a relação de equidade e igualdade e como estes conceitos se diferem.
A palavra equidade é definida como uma promoção de justiça social em que o tratamento ou modo de agir em relação a determinado grupo deve se dar com base no reconhecimento das características específicas dessa comunidade. Segundo o dicionário Michaelis, a palavra equidade é definida como uma disposição para reconhecer imparcialmente o direito de cada um.
Já a igualdade é advinda do princípio da universalidade, isto é, todas as pessoas são regidos pelas mesmas regras e devem ter os mesmos direitos e deveres.
Desta forma, a equidade é o princípio que busca a igualdade de oportunidades para as pessoas independentemente de raça, gênero, origem ou condição social. O conceito está relacionado com a justiça social, pois visa promover a igualdade de direitos e deveres entre os membros de uma sociedade.
Qual é a importância da equidade no ambiente de trabalho?
A equidade, de forma geral, é fundamental para a criação de ambientes inclusivos, diversos e seguros. O conceito contribui para a construção de relações saudáveis e fortes entre as pessoas e ajuda a criar uma cultura de apoio e colaboração.
Quando as empresas adotam práticas equitativas, os funcionários se sentem confortáveis e valorizados, o que os motiva a trabalhar melhor e se sentir mais pertencente à companhia. Além disso, a prática de equidade evidencia a responsabilidade social perante a sociedade, incentivando outros gestores a fazer o mesmo.
Podemos exemplificar com situações do dia a dia, como políticas-sociais voltadas para a saúde com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), étnico-racial com o desenvolvimento de cotas raciais para o ingresso em instituições públicas de ensino superior e muitos outros.
Neste artigo, vamos falar sobre a equidade de gênero, abordando qual é o papel das empresas com esse tema e como promover a equidade no ambiente de trabalho.
O que é a equidade de gênero?
A equidade de gênero tem sido tema de múltiplos debates nos últimos anos. Cada vez mais, as mulheres vêm buscando seu espaço perante a sociedade.
Podemos considerar que a equidade de gênero é o princípio que busca tratar igualmente homens e mulheres, eliminando qualquer tipo de discriminação fundada na diferença de gênero. Essa igualdade deve ser aplicada nos mais diversos âmbitos, tais como boas remunerações, promoções de carreira, posições de liderança, qualidade de vida, entre outros.
Em outras palavras, a equidade de gênero faz com que a companhia, ao definir as políticas internas, leve em conta as necessidades, singularidades e perfil profissional de homens e mulheres.
Qual é o papel das empresas na promoção de equidade de gênero no ambiente de trabalho?
As empresas desempenham um papel fundamental na promoção da equidade de gênero no ambiente de trabalho, isso porque elas têm a responsabilidade de promover uma cultura que valorize a diversidade de gênero, bem como estabelecer medidas para garantir que todos os trabalhadores tenham oportunidades iguais para se desenvolverem profissionalmente.
Estas medidas incluem, por exemplo, promover a igualdade salarial, oferecer programas de treinamento equitativos para homens e mulheres, criar políticas de maternidade e paternidade para apoiar os pais, garantir um ambiente de trabalho seguro e inclusivo e incentivar a diversidade nos processos de contratação. A adoção destas medidas ajudará as empresas a criar um ambiente de trabalho mais equitativo e inclusivo.
Quando falamos da falta de equidade de gênero no mercado, é preciso revelar alguns fatores no universo corporativo:
Disparidade de salários
As mulheres ganham cerca de 20% menos do que os homens no Brasil . É o que mostra levantamento da consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE no 4º trimestre de 2021.
Mulheres em cargos de liderança
As mulheres ocupam 38% dos cargos de liderança no Brasil, de acordo com uma pesquisa realizada pela Grant Thornton. No Brasil, o levantamento foi realizado com cerca de 250 empresas.
Estabilidade nos empregos
As mulheres sofrem um atraso maior na integração no mercado de trabalho, quando comparadas aos homens, situação que se agravou com a pandemia da covid-19. Além disso, a taxa de desemprego é maior entre elas do que entre eles, segundo dados do Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2022, publicado pela Comissão Econômica das Nações Unidas da região (Cepal).
Olhando esses dados, é preciso começar do básico: ouvir, reconhecer direitos e as realidades das mulheres na cultura corporativa.
Como promover a equidade no ambiente de trabalho?
Criar mecanismos para implementar essa discussão é apenas o primeiro passo e que nessa pauta é necessário ir muito além de workshops e palestras corporativas. O debate da equidade de gênero precisa se tornar parte da cultura da empresa e ser fomentado pelos líderes, pelo RH e pelos colaboradores.
Independente de qual for a ação, leia 4 ações essenciais que a empresa pode tomar a partir de hoje:
1. Recrutamento e seleção direcionada
Você já deve ter ouvido falar “ Mas porque focar tanto?” O recrutamento direcionado para mulheres privilegia mulheres em um processo seletivo. Esse tipo de ação é usado para aumentar a diversidade do quadro de funcionários de uma empresa, sendo um meio eficaz de aumentar a participação das mulheres em áreas que são historicamente negligenciadas por elas, como ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
2. Padronizar salários
Padronizar salários é um processo onde homens e mulheres recebem o mesmo salário para as mesmas funções, independentemente de qualquer outro fator. O objetivo desta prática é reduzir ou eliminar o chamado “gap de salário de gênero” ou “desigualdade salarial”, que é a discrepância entre os salários que homens e mulheres recebem para o mesmo cargo ou função.
3. Estabelecer uma política clara sobre assédio moral
Segundo o Instituto Patrícia Galvão, 47% das mulheres entrevistadas já sofreram algum tipo de situação vexatória no trabalho, contra 24% dos homens. Assédio moral é uma forma de violência que, muitas vezes, não é percebida pelas pessoas envolvidas, deixando a pessoa trabalhadora à mercê de situações constrangedoras e desconfortáveis. Determinar uma política clara sobre assédio moral, monitorar e oferecer uma rede de apoio são os primeiros passos.
4. Levar debates e mapear ações
Gerar debates, não apenas em Março, pode contribuir para desconstruir padrões e estereótipos de gênero nas companhias. Nesse sentido, o papel da liderança além de promover conversas, é fomentar e mapear ações de acordo com a realidade da empresa. Vale lembrar que, garantir a equidade não vem apenas de assegurar direitos. É preciso que haja uma contracultura para que uma nova cultura de equidade seja restabelecida.
A importância de representatividade feminina em cargos de liderança
A participação de mulheres no empreendedorismo cresceu globalmente nos últimos dois anos, segundo os dados do Global Gender Gap Report 2022, do Fórum Econômico Mundial. Mas, apesar de ser uma notícia instigante, esse aumento pode ser visto como consequência de uma série de desafios ao gênero que elas enfrentam em suas vidas profissionais.
Com base nesse contexto, realizamos uma Roda de conversa para dialogar sobre a importância da representatividade feminina em cargos de liderança, mostrando os principais desafios de mulheres e como incluir mais mulheres no ecossistema de startups.
Vão estar com a gente a Gabriela Ioshimoto – CPO da Scotto, Raphaela Silva – Líder de Diversidade e Inclusão na Z1 e a Bruna Félix – Fundadora da Startup Upme e Coordenadora de novos negócios no Instituto Atlântico.
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